A representação da realidade vivida pelos internos da FEBEM através da fotografia. Camila de Lima Vedovello, Ethel Volfzon Kosminsky – Ciências Sociais (Departamento de Sociologia e Antropologia – Faculdade de Filosofia e Ciências - Campus de Marília) - calima@marilia.unesp.br

 

Os Centros de Ressocialização (C.R.), se configuram enquanto uma nova forma de encarceramento no Estado de São Paulo, com pequenas unidades descentralizadas e espalhadas pelo interior. Uma dessas unidades encontra-se instalada na cidade de Marília. A presente pesquisa teve o intuito de analisar como egressos de um outro sistema punitivo, a FEBEM, que, por não terem parado de infracionar,  acabaram caindo em reincidência ou multirreincidência penal, terminando presos no C.R de Marília. Verificamos como  esses jovens interpretavam a realidade social vivida por eles e, qual a diferença de visão de mundo entre esses egressos e entre jovens que estão detidos nesse mesmo C.R, mas que não passaram pela FEBEM durante sua adolescência. Para a realização da pesquisa, além da realização de um estudo teórico acerca de assuntos como jovens, criminalidade, FEBEM, prisões e um pequeno levantamento histórico sobre o sistema prisional no Brasil, tentando dessa maneira compreender mesmo que minimamente, como se constitui o C.R, foi utilizada como ferramenta para o desvelamento das questões propostas, a fotografia, onde os sujeitos pesquisados tiraram fotografias sobre sua realidade social a partir de questões propostas pela pesquisadora. Considerando que a fotografia constitui-se em um documento silencioso, foi utilizado também, entrevistas com os detentos, de forma que colocassem suas interpretações acerca de suas produções fotográficas. Além de todos esses materiais, foi utilizado um caderno de campo, para que a pesquisadora pudesse anotar suas impressões sobre esses sujeitos e seus trabalhos fotográficos. A partir dos dados obtidos pela conjunção da pesquisa teórica com a pesquisa de campo, observou-se que, a FEBEM, se configura enquanto uma instituição falida, não ressocializando o jovem, mas apenas transformando-o em criminosos, fazendo com que caiam em multirreincidência penal, entrando assim em um ciclo vicioso: das FEBEM’s para penitenciárias e cadeias. O C.R, apesar de ter em seu discurso um caráter humanizador da pena, através das práticas exercidas por essa instituição, ela não ressocializa o detento, apenas fabrica delinquentes. A partir do discurso sobre as fotografias, percebemos que os detentos do C.R trazem em seus discursos uma ambiguidade que essa instituição constrói, pois eles estão presos, sabem disso, mas acreditam que nesse novo modelo prisional eles têm liberdade.

Orientador(es): Ethel Volfzon Kosminsky

Bolsa: Fapesp

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