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Objetivos
e fins do grupo
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formação do grupo partiu da seguinte tomada de consciência:
as idéias de Piaget, embora muito faladas e divulgados, não
eram realmente conhecidas, pelo contrario, eram reduzidas
e deturpadas extremadamente. O modismo do « construtivismo » nas
suas diferentes manifestações ocasionou sérios estragos no
Brasil e noutras latitudes. Em
função disso, algums estudantes de graduação e docentes da
unidade começarom a se reunir para estudar e compreender
melhor o sistema teórico desse autor, pois entendia-se que
esse sistema apresentava uma enorme vitalidade teórica e
de imprevisíveis conseqüências praticas. Assim, longe de
procurar subsídios práticos imediatos, atitude que justamente
conduzia ao empobrecimento teórico, o interesse era penetrar
no sistema teórico, para a partir disso visualizar as suas
conseqüências e implicações praticas.
Tratava-se
assim de recuperar o sistema teórico a partir de uma leitura
epistemológica da obra do autor. Mas isso não era um desafio
facil, pois significava uma postura cientifica na qual a
Epistemologia Genética teria que ser considerada simultaneamente
como uma nova concepção teórica e um método de trabalho.
Isso poderia garantir, de alguma forma, a preservação não
um dogma mas sim do pensamento vivo do autor.
Como
sabemos, a Epistemologia Genética pretende explicar o modo
como o indivíduo produz o conhecimento, sobretudo o conhecimento
objetivo e regulado, como é o caso da matemática e da física,
as quais pressupõem a constituição de sistemas de composição
dedutivos e operatórios. Em função disso torna-se necessário
o estudo dos processos e mecanismos que permitem alcançar
o conhecimento. O estudo de um objeto cultural como por exemplo
a escrita não poderia ser diferente, pois como sistema de
representação obedece a leis de composição operatórios. O
estudo dos valores e regras morais não poderia fugir a tal
concepção teórica.
A
Epistemologia Genética ao estudar os mecanismos e processos
de constituição do conhecimento, não somente centraliza a
sua investigação nos processos internos ou endógenos do indivíduo
mas também sobre todas as condições que fazem possível o
conhecimento. Desse modo, contrariamente às críticos feitas
a Piaget, as condições de troca e de interação social são
obviamente aspectos a serem considerados na explicação do
formação do conhecimento.
Esse
modo de ver os problemas de formação do conhecimento exige,
inevitavelmente, o exercício da interdisciplinaridade, pois
as condições da formação dos conhecimentos supõem processos
lógicos, matemáticos, físicos, psicológicos, culturais e
sociais.
Na
medida em que a Epistemologia Genética trata de superar as
epistemologias tradicionais, as pesquisas a serem realizadas
não poderiam deixar de efetuar a critica epistemológica no
sentido de colocar em questão as verdadeiras contribuições
da experiência e da razão na formação e aquisição do conhecimento.
Por isso a critica radical, mas não preconceituosa, sobre
as diversas variedades do empirismo e do apriorismo para
observar os límites e contribuições destes . Por outro lado,
a pesquisa na perspectiva da Epistemologia Genética pressupõe
a busca das formas anteriores ao conhecimento eventualmente
alcançado pelo sujeito. Essa busca significa recuar aos fontes
mais ultimas da constructividade de todo conhecimento assim
como as formas mais elementares de um conhecimento determinado.
O estudo psicogenético e o estudo sociogenético se tornam
solidarias nessa busca e nesse modo de aproximação.
O
grupo se constituiu, progressiva e informalmente, desde o
primeiro semestre de 1989, com a participação progressiva
de estudantes dos cursos de graduação em pedagogia, em filosofia
e em fonoaudiologia. Alguns professores da unidade participam
com o propósito de encontrar na teoria de Piaget algum fundamento
para suas pesquisas e encontrar explicações para alguns dos
projetos pedagógicos em voga.
A
participação de estudantes de graduação se realiza a partir
dos programas de bolsas PAE, bolsa de Iniciação Cientifica,
bolsa de monitoria, etc. Depois de um periodo de participação
(um ou dois anos) muitos dos membros deixaram o grupo: os
alunos, em razão da conclusão dos cursos, pois não existia
uma ligação institucional e financeira que sustenta-se o
vínculo, os docentes, em virtude do vinculo ser provisorio
com a ideia de estudar sistematica e permanentemente a obra
do autor. A ligação provisória explica-se tambem pelo fato
do grupo se constituir até então apenas como um simples grupo
de estudos.
O
grupo começa a ter uma ligação mais orgânica depois de 1992
com a participação de estudantes de pós-graduação em educação.
Entretanto a possibilidade de se constituir como Laboratório
de Epistemologia Genética é somente uma possibilidade debido à falta
de engajamento sistemático dos docentes que nela participavam.
Em
1995 o grupo é cadastrado oficialmente perante os órgãos
financiadores. Nesta circunstancia já contamos com a participação
de maior numero de estudantes de pós-graduação em educação.
O grupo assume uma certa maioridade, pois articula-se também
como grupo de pesquisa sobre variados temas.
Em
1996, um dos seus membros, Rosimar Poker, defende dissertação
de mestrado, tendo como objeto de estudo a critica dos métodos
de educação das crianças surdas. Nesse mesmo ano, um dos
seus membros, seu coordenador, viaja ao exterior, pelo período
de 1 ano e meio, para a fazer um curso de pós-doutorado junto
ao antigo aos « Archives Jean Piaget », em Genebra, e junto
a um dos maiores estudiosos da obra de Piaget na França.:
Prof. Dr. Jean Marie Dolle, quem dirige o Laboratório de
Psicologia e Epistemologia do Instituto de Psicologia da
Universidade LUMIÈRE LYON II .
Em
começos de 1998, outro dos seus membros, Marcelo Carbone,
defende dissertação de mestrado sobre « A questão da representação
em Kant, Hume e Piaget », perante uma banca de filósofos
especialistas em Kant e Hume e estudiosos da obra de Piaget.
Para 1998 estão programadas a defesa de duas novas dissertações,
uma relacionada a aquisição e desenvolvimento do conhecimento
geométrico na criança (Maria do Carmo Kobayashi) e outra
relacionado a aquisição do conhecimento físico na escola
(Ruth Genta).
1.
Epistemologia
2. Conhecimento Físico e Lógico-Matemático
3. Valores e Moralidade
4. Representação,
Função Semiótica e Inteligência
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Projeto
integrativo do grupo
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O
estudo da obra de Piaget assim como as pesquisas em andamento
visam avançar na compreensão mais sistêmica da obra do autor,
torna-se importante entender a articulação entre o conhecimento
lógico-matemático e o conhecimento físico, a articulação
desses conhecimentos e dos processos e mecanismos de construção
endógena, a articulação entre esses tipos de conhecimentos
e a formação dos valores e da moral na criança, a articulação
entre esses conhecimentos e outros de natureza cultural como
a escrita por exemplo. Assim, no contexto do estudo e da
pesquisa atual o trabalho do grupo centra-se na analise da
suposta particularidade e dos processos envolvidos da formação
do conhecimento do mundo real. Nesse sentido, o estudo da
explicação causal é estratégico, pois ao envolver maior grau
de complexidade possibilita a maior integração dos processos
e elementos envolvidos.
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Produção
científica e participação
em eventos
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Em
termos globais seus membros mais antigos tem publicado em
revistas, nacionais e estrangeiras, assim como tem publicado
o livro « Piaget e a criança favelada » na editora VOZES. Seus
membros mais recentes tem começado a publicar em resumos
de eventos científicos e em revistas nacionais.
Pelo
momento, o grupo tem como forums de discussão, no ambiente
nacional, as reuniões anuais do PROEPE, organizado pela UNICAMP,
o Simposium Internacional de Epistemologia Genética , com
periodicidade bianual.
O
grupo tem relações cientificas com os laboratórios de Epistemologia
Genética da USP, o Laboratório de Epistemologia Genética
da UNICAMP, o laboratório de Epistemologia Genética da UFRGS.
Tambem o grupo tem relações com o Laboratório de Psicologia
Genética e Cognitiva do Instituto de Psicologia da Universidade
LUMIERE LYON II.
Os
encontros são semanais, com a duração de 3,5 horas. Neste
semestre os encontros são todas as quartas feiras, das 14 às
17h30, na sala 05 do bloco das atividades didáticas da UNESP-Campus
de Marilia. Nesses encontros se discute, na forma de seminários,
alguma das obras básicas de Piaget e se discute as pesquisas
em andamento de cada um dos seus membros.
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